sábado, 27 de março de 2010

Daime, Religião e Drogas

A discussão na mídia em torno da trágica morte do Glauco acaba entrando, infelizmente (e sem respeito à uma morte como essa), num velho modelo de discurso sobre drogas. Insere o Daime na categoria drogas, considerando estas como algo que faz necessariamente mal e leva a prejuízos à sociedade. Esquece-se assim que é sempre uma pessoa que faz este uso, inserido em um contexto e sentido específico. Nesta simplificação todos perdem: a sociedade ao não poder compreender melhor os acontecimentos, e os usuários de drogas por ficarem estigmatizados. Neste caso algumas pessoas começam a reprovar o uso dessa bebida somente a partir dessas informações simplistas e desconexas. Para se contrapor a isso, vale a pena ver o comentário de Denis Russo Burgierman, que por incrível que pareça consegue ter um texto sensato dentro de uma publicação (Veja) que sempre apresenta opiniões parciais e simplistas sobre o assunto, chamando isso de jornalismo.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Quebra-Nóia: população x usuários


Esta foto foi tirada por nossa equipe durante trabalho de campo na região da Luz mais comumente chamada de cracolândia. Estava na praça Julio Prestes, em frente à sala São Paulo. Aproveito para contar aqui sobre uma entidade que existe por ali, chamada de Paulo Paulada. Desde que iniciamos os nossos trabalhos na região, ouvimos falar dele, e conhecemos alguns que se revezam neste "cargo". Nem sempre ele está por lá, mas vez ou outra volta. Na verdade, por este nome é conhecido pelos usuários de crack (chamados de nóias por ali) os seguranças contratados pelos comerciantes da região para organizar o movimento de usuários em frente de suas lojas. Esta organização é simples: se algum usuário ficar fumando em frente às lojas, leva paulada do Paulo!
Nem todos os comerciantes lidam assim com o dificil movimento dali, sendo que alguns até conseguem estabelecer relações amistosas com os "nóias". As relações, porém, não são muito estáveis, principalmente com as intensas ações policiais que já são rotina na região.
Pode-se entender isso como ações improvisadas para lidar com os usuários, mas que não tem efeito duradouro e aumenta a tensão e a violência no dia-a-dia dali.
Vemos que a situação é dificil para todos os lados ali, mas os prejuízos acabam sendo maiores para aqueles em situação mais precária: as pessoas que fazem uso de crack em situação de rua que ficam por ali.

sexta-feira, 12 de março de 2010

2ª Reunião preparatória do Seminário Drogas e Vulnerabilidade: Ações Intersetoriais

Nesta segunda reunião, realizada no CTA-Henfil no dia 11 de março, quinta-feira, participaram, além dos representantes do É de Lei, representantes da área de Saúde Mental e da prevenção do programa municipal de DST/AIDS. A discussão girou em torno da dificuldade dos serviços em lidar com as pessoas que usam drogas, principalmente aquelas em situação de grande vulnerabilidade. Pontos que se mostram importantes serem cuidados com atenção são: a complexidade da situação destas pessoas que tem demandas em diversos campos, como habitação, trabalho, saúde, por exemplo. Outro ponto importante foi como muitas vezes essa população mais vulnerável é invisivel ao serviço. Em outros casos, ao contrário, o serviço, ao se organizar frente à grande quantidade de demanda, acaba tendo um comportamento expulsivo frente à essa população mais precária ( e mais trabalhosa). A partir destas discussões já se desenham as mesas do evento, que será realizado no dia 28 de maio e busca aumentar o diálogo entre os vários setores que trabalham com pessoas que usam droga. Participem!

quarta-feira, 3 de março de 2010

Estratégia da policia na cracolândia: crueldade

Parece que os pricipais critérios para a ação policial na cracolândia é: desrespeito aos direitos humanos dos usuários, falta de bom senso e crueldade. Depois da ação desastrosa da polícia civil na região na quinta-feira, dia 25, dessa vez a polícia militar é quem abusa do poder e com isso só dificulta o acesso aos usuários por parte das estruturas de cuidado da saúde e da assistência social. Em ação em campo dos redutores de danos da instituição pudemos ver os carros de polícia acelerando contra os usuários, ameaçando atropelá-los! Isso não só na rua, como também em cima das calçadas! Será isso permitido aos policiais? Uma coisa é certa: o sofrimento e a revolta que isso gera só aumenta o estigma, dificulta o acesso dessa população já marginalizada e muitas vezes ajuda a cronificá-los nesta situação! Em breve imagens das ações.